sábado, fevereiro 8, 2025

Juros altos ou inflação alta? A queda de braço entre BC e governo!

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Economia

Recentemente o Copom em sua última reunião realizada decidiu manter a taxa básica de juros da economia em 13,75%. Esse é considerado um patamar elevado por muitas pessoas do mundo político, inclusive do mundo econômico.

Mas o que leva o país a ter uma das maiores taxas de juros do mundo? Bem, a resposta para essa pergunta é um conjunto de fatores. Quem viajar um pouco no tempo por meio de leituras pode ver como era o mundo antes do Real.

Chegamos a ter inúmeras trocas de moedas, a inflação corroía o salário do brasileiro, e no início dos anos 90 era melhor estocar alimentos do que investir o dinheiro. Afinal, a inflação era muito superior que qualquer rendimento de poupança.

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Entendendo a alta taxa de juros

Em vista desse passado não muito distante, o Brasil precisou adotar muitas medidas para conseguir conter a inflação. Qualquer erro macroeconômico no país pode reacender essa memória inflacionária que aos poucos foi sendo apagada.

Os juros altos não são bons para o país, e precisam baixar. Mas isso não pode ser feito sem uma análise criteriosa do impacto que ele trará na demanda agregada. Como assim? Bom, a taxa selic alta desestimula o crédito e o consumo e estimula a poupança.

Como consequência há uma diminuição na demanda e um aumento na oferta, o que leva o preço dos produtos a estabilizar, e até mesmo cair. Claro que existem outros tipos de inflação, como o desajuste de oferta por exemplo.

Considerando esse cenário, os técnicos do Banco Central acompanham rigorosamente a evolução de preços no país, traçam cenários e avaliam como está a demanda agregada para decidir entre aumentar, manter ou baixar a taxa de juros.


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O que aconteceria se a taxa de juros caísse muito?

Bem, se a taxa de juros caísse abruptamente, haveria uma maior oferta de crédito no mercado, estimulando o investimento e o consumo. A consequência é que esse aquecimento iria fazer a demanda ficar muito acima da oferta.

O resultado? Inflação. E como todos sabemos, ela pesa muito mais no bolso do pobre do que do rico. Em vista disso, por mais que o desemprego caísse, os ganhos seriam muito menores do que a perda com a inflação.

Nesse sentido, seria totalmente inviável baixar as taxas de juros com tamanha rapidez. Entretanto, alguns questionamentos podem ser válidos, como por exemplo: por que a meta de inflação precisa ser tão baixa?

Hoje ela está em 3,25%, e há alguns anos era de 4,5%. Se essa meta fosse elevada a 4,5% não seria possível baixar a taxa Selic? Bem, há controvérsias. Muitos argumentam que de toda forma a inflação ficaria acima da meta, e o que é pior: ela aumentaria de todo jeito.

Qual a solução para esse caso?

A única maneira de baixar os juros sem descontrolar a inflação é o governo conter as despesas, diminuindo assim a sua necessidade de crédito. E quando falamos de despesas não podemos confundi-las com investimentos.

Áreas como educação, saúde e infraestrutura são consideradas investimentos, e por isso, qualquer corte nessas áreas pode trazer perdas ao invés de ganhos. No entanto, despesas com auxílios, subsídios, dentre outras precisam ser revistas.

Um bom ajuste fiscal diminuindo-as, bem como uma reforma tributária bem feita ajustando os impostos, pode equilibrar as contas do governo, e consequentemente abrir espaço para um corte de juros sem ameaçar a inflação.

Nesse sentido, Banco Central e Fazenda precisam não de um braço de ferro, mas de um aperto de mãos, para que uma reforma tributária e um ajuste fiscal sensato seja feito, acompanhado de uma âncora fiscal.

A partir de então, teremos um país ainda mais sólido, com menores chances de reacender a memória inflacionária, e com espaço fiscal para poder gradualmente cortar a taxa de juros e estimular a economia.

José Carlos Sanchez Júnior
José Carlos Sanchez Júnior
José Carlos é escritor e redator com formação acadêmica em Administração de Empresas e MBA em Gestão Financeira Controladoria e Auditoria formado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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