quarta-feira, janeiro 15, 2025

Black Finance: conheça o projeto de inclusão racial no mercado financeiro

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Inclusão racial

Black Finance

Você sabia que a população negra e parda representa aproximadamente 55% do total de toda a população brasileira? E se eu disser que nos cargos de liderança das grandes organizações os negros e pardos são menos de 4,7%?

Quando considerados os bancos de investimento, os números são ainda piores. No Brasil, menos de 1% dos profissionais de investment banking são negros. Ah, e mulher negra neste meio existe apenas uma.

Isso mesmo, somente uma na Goldman Sachs. Managing Director? Só um no Bank of America. Os números são mesmo assustadores, e estampam a desigualdade racial que acompanha de mãos dadas a desigualdade social no Brasil.

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Por que a desigualdade racial é tão grande no Brasil?

A desigualdade racial anda de mãos dadas com a desigualdade social no Brasil por questões históricas. Tivemos aproximadamente 300 anos de escravidão no nosso país. Ou seja, o negro era visto como uma mercadoria.

Por conta disso, sequer tinha noção do que era vender a sua força de trabalho, nem o quanto poderia cobrar por ela. Dessa forma, quando a princesa Isabel assinou a Lei Áurea acabando com a escravidão, não houve uma introdução do negro no mercado.

A grande maioria, ao se ver livre saiu o mais rápido possível de perto dos seus opressores, que substituíram a mão de obra escrava, por mão de obra barata vinda da Europa. O negro se viu livre, porém, sem renda e trabalho.

Começaram a surgir os guetos e subúrbios no país, formados quase que exclusivamente por negros e pardos, que sem condições de emprego e sem renda muitas vezes encontraram no crime e nos “bicos” a sua subsistência.


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A realidade do negro e pardo nos dias atuais

Se você der uma volta nas periferias das grandes cidades verá que mais de 80% dos habitantes são negros e pardos. E nos bairros de classe média alta se surpreenderá com uma dominância de brancos descendentes de europeus.

Essa realidade atual é resquício da história que falei logo acima e que até então, nada havia sido feito para mudar essa realidade. Como consequência, o ambiente empresarial moderno passou a representar essa realidade de maneira gritante.

Ou seja, quando considerado o baixo escalão de uma empresa, a predominância é de negros e pardos, já no alto escalão predominam os brancos, estampando uma dura realidade que ainda existe no nosso país. 

Essa representatividade desproporcional foi o pontapé inicial para a criação do Black Finance, um movimento que quer aumentar a presença de negros nos investment banking usando a arma mais poderosa que encontraram: a educação.

Black Finance: um projeto de inclusão racial

O Black Finance foi um projeto criado em abril deste ano por Gabriel Souza, Matheus Cruz e Eduardo Nascimento para preparar alunos negros das universidades para vagas de estágio nos IBs de bancos. 

Inclusive, a partir deste mês de outubro a Black Finance vai dar um curso de mentoria de 10 semanas para uma turma de 15 alunos aprovados em seu processo seletivo. Depois vai conectá-los com bancos e boutiques de M&A para ajudá-los a se inserir no mercado.

Além da parte técnica, a Black Finance vai ajudar também os alunos com aulas de soft skills que é um dos grandes gargalos de boa parte dos estudantes que não estão acostumados com o ambiente da Faria Lima, por exemplo.

O choque de realidade vai de coisas pequenas até questões mais complexas. Por isso, a ideia da Black Finance é aumentar o escopo do projeto com o tempo para estimular a inserção de negros no mercado financeiro de modo geral.

São ações inclusivas como essa que podem um dia mudar a realidade social e racial do Brasil. Gostou deste artigo? Então deixe o seu comentário, sua sugestão e compartilhe essa matéria com seus amigos nas suas redes sociais.

José Carlos Sanchez Júnior
José Carlos Sanchez Júnior
José Carlos é escritor e redator com formação acadêmica em Administração de Empresas e MBA em Gestão Financeira Controladoria e Auditoria formado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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