A inflação irá sair do controle no próximo ano?
Neste ano de 2020, muitos brasileiros sentiram na pele o aumento de preço. Mas, será que a inflação vai sair de controle no próximo ano?
De acordo com o Banco Central, o país não corre esse risco, pois a instituição diz que a inflação está absolutamente sob controle.
No entanto, Paulo Guedes, atual ministro da economia, chegou a afirmar no começo do mês que o país poderá ir para uma hiperinflação muito rápido se tiver dificuldades em rolar a sua dívida.
Embora ainda seja cedo para fazer qualquer afirmativa, a verdade é que a população mais pobre está sentindo um aumento de preços que há muito tempo não sentia.
Como está a inflação no Brasil?
No mês de novembro a prévia da inflação desacelerou a 0,81% no mês. Contudo, esse resultado foi o maior para o mês nos últimos cinco anos.
Ao considerar os últimos 12 meses, a alta de preços acumulada é de 4,22%, acima da meta traçada pelo Banco Central de 4% ao ano.
Apesar de parecer controlada, a verdade é que em 2020 a inflação se concentrou em alguns setores, afetando as camadas mais desfavorecidas da população.
O preço dos alimentos e bebidas foram os que mais se destacaram nos últimos 12 meses com alta de 15,02% no período.
Para a população de mais baixa renda, esses produtos têm mais peso no orçamento doméstico. Por isso, essas pessoas sentem mais a inflação.
André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, diz que inflação boa é aquela dentro da meta e distribuída entre os produtos e serviços que todas as famílias consomem.
Quando a inflação se concentra em um único grupo ela pode gerar diversos problemas. E foi isso que aconteceu durante este ano de 2020.
Quais as causas para essa pressão inflacionária?
São vários os motivos que estão causando a pressão inflacionária neste ano. Um deles é a desvalorização do real frente ao dólar.
Pois, com o câmbio desvalorizado, muitas matérias primas que são importadas têm aumento de preço, o que impacta no custo dos produtos.
Além disso, a exportação se torna mais atraente, e muitos produtores preferem exportar o produto e receber em dólar do que vender no mercado interno.
O que acontece nesse caso é uma diminuição da oferta deste produto que terá consequência direta no aumento do preço.
O auxílio emergencial também foi responsável pelo aumento do preço dos alimentos. Pois, ao receber o benefício muita gente concentrou os gastos no supermercado.
Com o aumento da demanda e o medo de produtores de investir para expandir a oferta, a consequência foi o aumento no preço dos produtos.
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Como fica a inflação em 2021?
Para o ano que vem, com o fim do auxílio emergencial, a inflação dos alimentos deverá ser contida. No entanto, há um outro problema.
Contratos de aluguel e escolas particulares costumam reajustar valores baseados no IGP-M, índice da Fundação Getúlio Vargas que mede a inflação.
Esse índice usa uma metodologia diferente do IPCA, que é o índice oficial usado pelo IBGE para medir a inflação do país.
Como o IGP-M já acumula uma alta de 24,25% nos últimos 12 meses, o reajuste da mensalidade escolar e do aluguel será muito acima da inflação.
Além disso, a desvalorização do real e o aumento do endividamento público por conta da pandemia, podem também agravar a inflação no ano que vem.
Por isso, é bem provável que a taxa de juros Selic deverá aumentar logo nos primeiros meses do ano para tentar evitar que a inflação saia de controle.
Essa decisão irá desestimular o consumo, aumentando a rentabilidade do CDB oferecido por muitos bancos como o Santander, por exemplo.
Seja como for, a verdade é que o governo precisará ter muita cautela nas decisões para não perder o controle da inflação no país.
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